Vamos observar os princípios aplicados na avaliação de estoques, considerando principalmente os estoques produzidos ou comprados pela empresa.
Estes princípios podem ser aplicados para outras situações, mas aqui vamos focar no que se refere a contabilidade de custos.
Princípio da competência
Baseando-se no princípio de competência consideramos que todos os gastos de produção devem ser atribuídos na mesma competência em que foram produzidos.
Por exemplo, depreciação é considerada no mês da produção e não no momento em que compramos as máquinas. A competência da produção é outra, além do pagamento.
Outro exemplo muito comum, são as provisões de folha de pagamento ou serviços.
Temos a alocação da mão de obra nos produtos, considerando todos os encargos provisionados para aqueles funcionários. Ex. Férias, 13 e encargos.
Da mesma forma para serviços contratados, estes devem ser provisionados na mesma competência de sua prestação.
Exemplo: terceirização de mão de obra.
É importante salientar que, quando por exemplo há a prestação de serviços entre competências, devemos classificar adequadamente a divisão do serviço para cada da competência em que houve a prestação.
Porém, para efeitos fiscais podem haver discrepâncias com este princípio, portanto observe as considerações tributárias para fins de pagamentos de impostos.
Este é o princípio do confronto das receitas com os gastos.
Assim sendo, a partir da receita deve-se seguir consequentemente seus gastos relacionados.
Princípio da realização da receita
Este princípio visa conciliar a receita com o custo que sai do estoque no mesmo momento.
Observamos que quando geramos a receita também devemos reconhecer todos os esforços (custos + despesas) relacionados a elas no momento em que ela ocorrer.
Na prática, o que acontece nos ERPs é que baixamos o custo padrão (standard) dos estoques até que fazemos os devidos ajustes no fechamento do período.
Consideramos também que as receitas cujo risco ainda não foram totalmente transferidos (IFRS 15), devem ser devidamente estornadas.
Com isso, também estornamos os gastos relacionados a estas receitas.
Princípio do custo histórico
O princípio do custo histórico refere-se ao reconhecimento dos estoques pelo preço de compra acrescido dos esforços para deixa-los prontos no estoque.
Também descontando os créditos provenientes de impostos, ou outros benefícios.
Exemplo: Compra de matéria prima por 100 – 18 de imposto + 15 de frete.
O custo histórico é de => 100 – 18 + 15 = 97
Portanto, os estoques devem ser reconhecidos baseando-se primariamente nos custos históricos de produção ou compra.
Porém, mesmo com este princípio, podemos ter situações onde o valor de registro do estoque está maior do que o valor de realização.
Neste caso teremos que fazer um teste de impearment para ajusta o saldo de estoques.
Ativos biológicos seguem outros padrões. (CPC 29)
Princípio da materialidade
O custo para se obter uma informação não pode ser maior que o benefício que ela gerará.
A materialidade é um princípio que dá ao contador a segurança de não focar em atividades que não são relevantes para a empresa.
Por exemplo, controlar o estoque de canetas, tesouras e folhas de sulfite do escritório.
Seria desperdiçar esforços do departamento com itens sem valor agregado e que vai consumir tempo caro para realização do controle.
Apenas controlamos aquilo que é relevante. Diga isso ao seu auditor!
Por exemplo, a segregação de custos fixo e variáveis podem haver parcelas nos custos variáveis onde desconsideramos a parcela fixa por ser imaterial, e mantemos tudo como variável.
Veja o artigo de custos fixos e variáveis.
Princípio da consistência
O princípio da consistência dá ao contador, ao auditor e aos tomadores de decisão o benefício da comparabilidade.
A consistência traz harmonia aos nossos relatórios, pois, os conceitos aplicados em uma competência são mantidos consistentemente ao longo da vida da empresa.
Assim, por exemplo, quando realizo o rateio dos gastos dentro dos meus produtos, os critérios devem ser sempre os mesmos.
Dessa forma, para garantir isso, é necessário ter os procedimentos do processo de custeio e garantir que estejam sendo cumpridos. As auditorias normalmente revisam estes procedimentos com muita atenção.
Portanto, quando realizar qualquer alocação nos custos, sejam de produção ou distribuição, façam da mesma forma.
Dessa forma sempre siga o mesmo procedimento para as contabilizações.
Concluindo
Os estoques segue determinado padrão para serem reconhecidos, fazemos isto através dos princípios de contabilidade.
Traduzimos estes princípios em normas, aplicamos e auditamos para o bem maior das empresas.
Deixe seus comentários abaixo e leia toda a literatura sobre princípios contábeis.
Assim, poderá expandir seus conhecimentos e aplica-los em seu dia-dia empresarial.
Se você quer ir além destes princípios aplicados na avaliação de estoques faça a leitura de Princípios de Contabilidade de Osni Moura Ribeiro e Juliana Ribeiro.
Referências
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. Atlas, 2018.
RIBEIRO, Osni Moura Princípios de Contabilidade Comentados. Saraiva, 2014.
IUDICIBUS, Sérgio de. Manual de Contabilidade Societária. Atlas, 2018.
1 comentário em “Princípios aplicados na avaliação de estoques”
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