Introdução
O reconhecimento dos custos como fixos ou variáveis vai muito além da simples necessidade de medição baseada no volume produzido.
Como no caso de uma matéria prima, que vai ser consumida apenas quando houver o processo produtivo, como custo variável.
Ou ainda, a depreciação das máquinas que são atribuídas normalmente com base em valores fixos mensais, como custo fixo.
Essa definição vai além do campo do custeio para fins de relatórios, chegando a tomada de decisão, como veremos adiante.
Assim, veremos não apenas sua classificação para fins contábeis, observaremos como usar isso a nosso favor no processo de tomada de decisão.
Custos fixos
Custos fixos como seu próprio nome, não variam de acordo com o volume produzido. Claro que há um fator de limite de capacidade o qual pode ocorrer para que variem.
Exemplo: A capacidade de uma máquina é de 10.000 peças por mês.
Então, se temos demanda para 15.000 peças terei que investir em outra máquina para atender a produção.
Assim, mesmo minha depreciação ser fixa, ainda assim, varia quando minha capacidade total for aumentada.
Exemplos:
- Aluguel do setor produtivo;
- Mão de Obra de manutenção;
- Depreciação;
- Gestão da fábrica;
- Outros.
Os custos fixos também podem variar, porém não variam proporcionalmente aos volumes de produção.
Outro exemplo é o aluguel da fábrica, este pode ser alterado por uma atualização de preços.
Ou ainda variações na depreciação, que podem ocorrer com certa frequência devido o volume de capitalizações do ativo imobilizado.
Custos variáveis
Já os custos variáveis, têm a característica de relação direta com a produção. Como é o caso das matérias primas.
Ou seja, quanto mais eu produzir mais vou consumir, de outro lado caso tenha uma produção baixa, assim também, devemos ter custos variáveis baixos, em valores absolutos.
Exemplos de custos variáveis:
- Matéria prima;
- Hora homem;
- Agua;
- Eletricidade;
- Entre outros;
Portanto para ser considerado variável, deve haver relação de proporcionalidade ou simetria com os volumes produzidos.
Quanto mais produzimos, mais temos custos variáveis. No entanto, preservando a proporção.
Zona cinzenta
Existem alguns casos onde a classificação pode ser considerada como fixo ou variável.
Vejamos o caso da depreciação:
Em caso de classificar como fixo, o que é o mais normal. Consideramos o valor da depreciação no mês independentemente do volume produzido.
Neste caso há um risco eminente de super avaliação dos estoques em casos onde a produção cair demasiadamente.
Porém, no caso em que consideramos uma depreciação com base no volume produzido, ou seja, o cálculo da depreciação estará de acordo com o volume de produção comparado a capacidade total de produção da máquina.
Dessa forma este custo acompanharia o volume produzido, ou melhor, o desgaste da capacidade de produção total da máquina.
Exemplo:
Uma máquina tem vida útil de 60 meses e capacidade total do volume de produção de 100.000 peças.
Demais informações, o custo total de aquisição é de 2.000.000.
1 – Qual o custo da depreciação no caso da empresa produzir 1.000 peças no mês?
Custo Fixo: 2.000.000 / 60 = 33.333,33
Custo variável: 2.000.000 / 100.000 = 20,00 x 1.000 = 20.000
Ou seja, neste caso temos um excedente de 13.333,33 no estoque o que pode gerar uma super avaliação podendo levar a empresa a fazer um ajuste de impearment, caso não seja realizado.
Outro exemplo, é a energia elétrica onde há uma parcela fixa, e outra variável.
Devemos observar neste caso primeiramente o princípio da materialidade. Caso a parcela fixa não seja relevante comparado aos custos da empresa, podemos classifica-la como variável.
Uma vez que o esforço para segregar e controlar esta informação teoricamente seria maior do que o benefício que ela vai proporcionar ao tomador de decisões.
Neste caso há uma relação de assimetria nos custos variáveis. Pois, quanto menor a produção, maior será o custo de energia por unidade produzida.
Portanto os baixos volumes de produção podem causar distorções significativas nos custos unitários e consequentes piores margens de contribuição.
O recomendado nestes casos é realizar testes de stress nos volumes de produção.Obtendo assim, mais confiança no processo de classificação dos custos variáveis com alguma parcela fixa.
Tomada de decisão
A separação entre custos fixos e variáveis é muito utilizado na tomada de decisão, como veremos abaixo.
Os questionamentos seguintes não podem ser respondidos sem esta separação:
- Qual a margem de contribuição de um determinado produto?
- Qual o ponto de equilíbrio de um produto específico ou da empresa como um todo?
Neste artigo não vamos nos aprofundar no conceito de margem de contribuição, mas sabemos que os custos variáveis são indispensáveis para seu cálculo. Assim como segue:
MC = PREÇO DE VENDA – CUSTOS VARIÁVEIS – DESPESAS VARIÁVEIS
e para encontrar o ponto de equilíbrio:
PEQ = CUSTOS FIXOS / MC
Portanto, apenas com o controle adequado da empresa dos custos variáveis
Conclusão
Resumindo, os custos fixos e variáveis devem ser segregados segundo sua natureza. Este fato trará informações relevantes para tomar decisões com mais clareza.
Além de trazer harmonia ao mercado, pois qualquer entidade deve seguir esses procedimentos em seus processos.
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1 comentário em “Custos fixos ou variáveis”
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